Parti para este livro com grandes expectativas, dada a notoriedade do autor e a vontade constante, desde há algum tempo, de pegar o livro da estante…
De Balzac, H., 1831, La Femme De Trente Ans (A Mulher De Trinta Anos), Círculo De Leitores, Lisboa – 232 páginas
Considerada a obra-prima do escritor, é passada inteiramente em França, durante a era Bonaparte. É ao longo de seis capítulos que somos levados nesta estória que conta o percurso de vida de uma mulher parisiense, de nome Julia D’Aiglemont: os seus amores e tumultos sentimentais, a vivência da maternidade e da morte de próximos, o viver por si e o viver por outros…
Capítulo Primeiro – Primeiros Erros: A Jovem
Estamos em 1813 e eis que Julia chega a Paris para rever seu pai e seu noivo. Chegada à cidade, dirige-se com Sr. D’Aiglemont à parada militar napoleónica que aí iria ter lugar e em que Vitor, seu noivo, iria participar, dada a sua condição de coronel. Ao reencontrarem-se Julia confessa ao seu pai que pretende casar com Vitor, decisão à qual o ancião se opõe por achar que o militar não será marido à altura do merecimento de sua filha. Sr. D’Aiglemond morre.
Capítulo Primeiro – Primeiros Erros: A Mulher
Um ano volveu, estamos agora em Março de 1814. Efectivado entretanto o casamento de Julia e Vitor, partem para casa da ex-marquesa de Listomére-Landon, em Tours, local onde Vitor deixará Julia pois terá de cumprir uma missão militar. Passando os dias em conversas constantes com a ex-marquesa, Julia, já insaciada nas suas necessidades emocionais, torna-se emocionalmente debilitada e é nessa altura que conhece Artur Ormond, um oficial inglês que a corteja diariamente através de passeios a cavalo em frente à sua janela. Sem que se dê qualquer tipo de aproximação e após algum tempo de guarida, Julia parte para Orleães a pedido do seu marido, onde se encontrarão os dois. A ex-marquesa morre.
Capítulo Primeiro – Primeiros Erros: A Mãe
1817. O estado emocional de Julia agrava-se, dada a plena noção que tinha do desinteresse e da insignificância a que fora votada por Vitor, o qual toma amantes para preencher os seus desejos. Ainda que sob este cenário, nasce a primeira filha do casal, Helena. É agora ela o único motivo para a vida de Julia, que enfraquece dia após dia. E é num dia de Janeiro de 1820 que o estado enfermo que alcançou pede uma intervenção urgente. É aqui que acontece o reencontro entre Julia e Artur, o qual se tornou médico e dela irá cuidar.
Capítulo Primeiro – Primeiros Erros: A Declaração
Decorre o ano de 1821. Ainda em presença de Artur, Julia encontra-se em recuperação, sendo que, em grande parte ela se deva ao amor mutuamente sentem. Omisso até à data, é num passeio que o médico declara os seus sentimentos à Sra. D’Aiglemont, a qual lhe corresponde em palavras, mas lhe nega os actos. Vendo Julia renegar o amor que os une em prol da família, Artur parte.
Capítulo Primeiro – Primeiros Erros: O Encontro
Passaram dois anos. O casamento de Julia e Vitor permanece de fachada, mantido apenas aos olhos da sociedade, mas já sem qualquer substância moral. O coronel parte para uma caçada de uma semana, deixando Julia e Helena. Informado dos planos de Vitor, Artur vai ao encontro da sua amada, sucumbindo ela à tentação… mas eis que os planos de seu marido mudam e ele torna a casa mais cedo. A um ponto da descoberta, o amante é forçado a esconder-se na varanda e aí pernoita, morrendo pelo frio gélido dessa noite de Março.
Capítulo Segundo – Sofrimentos Desconhecidos
Mortificada pela perda, Julia refugia-se num solar em Saint-Lange, desabafando a sua solidão e desespero ao padre da paróquia. Meses passados, Julia abandona o solar já refeita do choque e voltando para junto de Vitor e Helena.
Capítulo Terceiro – Aos Trinta Anos
Num baile em casa da Sra. Firmiani, Julia conhece Carlos De Vandenesse, um diplomata em ascendência que ela vinha acompanhando pelos seus feitos recentes. O entendimento entre os dois é tão inegável, que os encontros entre os dois se sucedem, acabando o jovem por se apaixonar pela Sra. Aiglemont. E conseguir despertar nela o seu amor também.
Capítulo Quarto – O Dedo De Deus: O Biévre
Á revelia de Vitor, Julia e Carlos De Vandenesse mantêm a sua união secreta. Decorre o ano de 1828 e Julia dá à luz um segundo filho: Carlos. Num passeio no parque, do qual Julia, Carlos De Vandenesse, Helena e Carlos fazem parte, Helena, relegada pela mãe para segundo plano após o nascimento do irmão, enfurece-se e empurra Carlos por uma ribanceira, caindo a criança num lago e morrendo afogada.
Capítulo Quarto – O Dedo De Deus: O Vale Da Torrente
Encontramo-nos agora em 1830. O affair com De Vandenesse continua e nasce um novo filho: Gustavo. O pai de Carlos De Vandenesse morre.
Capítulo Quinto – Os Dois Encontros: Fascinação
Nascem dois filhos mais: Abel e Moina. Julia vive em clima de sossego aparente com Vitor e os quatro filhos. Numa noite de convívio familiar, um foragido bate à porta e suplica por asilo a Vitor, que acede ao pedido. Mais tarde, a chegada de oficiais faz saber a Vitor que o foragido é um assassino procurado. Helena, exausta da indiferença e rudez com que era tratada pela mãe, sente-se seduzida pela liberdade de alguém como aquele assassino e quer partir com ele. Assim o fazem.
Capítulo Quinto – Os Dois Encontros: O Capitão Parisiense
A família D’Aiglemont entra em falência, tendo o general de partir em busca de trabalho e fortuna. Após 6 anos fora, quer voltar para casa. Fá-lo numa embarcação, juntamente com outros trabalhadores. Em alto mar, o barco é assaltado por piratas e mortos todos os ocupantes menos Vitor, poupado no último instante após se ter apercebido que o pirata-mor era o assassino que levara sua filha, filha essa com quem casou e que vive no navio também. Dá-se o encontro entre o general e Helena.
Capítulo Quinto – Os Dois Encontros: Ensinamento
O general morre, decorre o ano de 1833. Alguns meses depois, Julia leva Moina às montanhas dos Pirinéus, onde lhe dão a notícia de uma mãe que com seu filho se encontram naquelas paragens doentes e prestes a morrer. Julia presta-se a oferecer ajuda e quando os vai conhecer reconhece-a como sua filha Helena e seu neto nos braços. Ambos morrem na sua presença.
Capítulo Sexto – A Velhice Duma Mãe Culpada
Dos filhos, somente Moina ainda vive, sendo agora casada com Alfredo De Vandenesse, filho do ex-amante da mãe. Julia, com 50 anos, só agora desempenha o verdadeiro papel de mãe, consequência das amarguras dos erros passados. É agora Moina quem não valoriza a mãe, tratando-a como insignificante na sua vida. As mágoas tornam-se demasiadas para Julia, que desfalece no jardim de casa da filha, morrendo depois.
…
Sinceramente, senti-me algo desiludida após a leitura:
Uma narrativa simplista demais e algo confusa, com personagens diferentes de nomes ou títulos iguais; não percebi o que aconteceu a Carlos De Vandenesse, simplesmente desapareceu da estória; a personagem principal pela qual não senti o mínimo de empatia; a morte é destino de DEZ personagens, o que, digamos, fica uma coisa algo “batida”…
Não reconheci qualquer genialidade na obra, lamentavelmente. Talvez algum outro do autor me surpreenda.
Desculpem a seca… mas que ficou um texto bonito, ficou! Além disso, não é só para vocês, é para eu me lembrar do que li, daqui a um tempo. Esta minha memória é péssima…